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Vieira da Silva invoca evolução salarial para demarcar-se da oposição

Mariana Vieira da Silva abriu o debate parlamentar da proposta do Governo de Grandes Opções do Plano (GOP) 2023-2026 apontando como metas a atingir nos próximos anos o aprofundamento da descentralização, o combate às alterações climáticas, a valorização de carreiras, a expansão dos transportes públicos, a melhoria dos apoios sociais e das condições de trabalho, o impulso da habitação acessível, o aumento do peso das exportações no Produto Interno Bruto (PIB) ou a evolução salarial.

“Ambicionamos executar plenamente os fundos comunitários, aprofundar o combate às desigualdades, cumprindo o acordo de valorização salarial e de competitividade. Governar é fazer escolhas e assumi-las e, naturalmente, estas não são as escolhas que a oposição faria”, assumiu a titular da pasta da Presidência no seu discurso inicial.

A seguir, o presidente do Chega, André Ventura, acusou o Governo de limitar-se a fazer propaganda, de colocar o país de “mão estendida” perante a Europa, de enganar os empresários e de nada dizer sobre os efeitos sociais da inflação.

“O PS sabe que a legislatura não vai chegar ao fim e vai distribuindo tudo o que tem”, disse, antes de considerar que a “entrada louca de imigrantes no país vai tornar a prazo Portugal num autêntico barril de pólvora”.

Pela parte do PSD, Hugo Carneiro acusou o Governo de não possuir qualquer estratégia até 2026 e de ter tomado opções erradas ao colocar mais de 3,2 mil milhões de euros de dinheiro dos contribuintes na TAP e mais de quatro mil milhões de euros no Novo Banco com consequências graves na qualidade dos serviços públicos.

“Chove nos tribunais, faltam cada vez mais os médicos de família e a médio prazo Portugal será um dos que menos cresce entre os países da coesão na União Europeia”, advertiu.

O ex-presidente da Iniciativa Liberal João Cotrim de Figueiredo assinalou que, na proposta de GOP do Governo, constam “112 instrumentos de planeamento, a maior parte dos quais sem objetivos quantificados e calendarizados”.

Na resposta, a ministra da Presidência apontou como exemplo da evolução do país o facto de a anterior meta de 50% das exportações no peso do PIB, a atingir em 2027, já ter sido alcançada em 2022.

“A oposição gosta de dizer que a inflação provocada por um contexto de guerra na Europa é uma responsabilidade do Governo, mas já os bons resultados económicos no emprego, no crescimento e nas exportações é obra da magia”, reagiu, usando a ironia e recebendo palmas da bancada do PS.

Segundo Mariana Vieira da Silva, ao contrário da oposição à direita, a estratégia não passa por uma baixa generalizada de impostos, “esperando que aconteça magia”.

“Os senhores nunca baixaram impostos, nem a magia aconteceu. Também não aceitamos uma política de fechamento de fronteiras, quando um dos maiores problemas que os empresários relatam está relacionado com dificuldades de acesso a mão-de-obra. Temos metas, sim, no combate à pobreza, nas exportações e na valorização salarial”, advogou.

A ministra da Presidência fez ainda uma comparação entre os quadros comunitários em curso e o anterior, dizendo que os apoios aos empresários crescem na ordem dos 135%.

“Estamos perante empresas que receberam apoios e, por isso, exportam mais, pagam melhores salários e criam mais emprego. Caso se atente no indicador referente ao endividamento das empresas, alcançou-se o mais baixo desde 2010”, considerou.

Já a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, acusou o Governo de não dar resposta às dificuldades da população, numa conjuntura em que há incerteza “se se consegue pôr comida na mesa” em consequência da alta de preços e da subida dos juros.

Paulo Santos afirmou também que o executivo do PS não combate o agravamento das desigualdades sociais, com a banca e as grandes empresas a registarem cada vez maiores lucros.

A presidente do Grupo Parlamentar do PCP criticou ainda o Governo por manter normas gravosas na lei laboral e “impor uma perda de poder de compra” à generalidade dos trabalhadores.

Mariana Vieira da Silva contrapôs que o Governo assumiu “o compromisso de valorização salarial” ao longo dos próximos anos.

“O salário mínimo tem registado valorizações desde 2016 e esse caminho é para continuar. Houve valorização dos salários da administração pública num acordo plurianual assinado os sindicatos e, também, valorização de carreiras. O que não está nestas GOP é a estratégia que os deputados do PCP provavelmente defendem, mas que não tem provado bons resultados no aumento do emprego, na valorização dos salários e no crescimento da nossa economia”, acrescentou.

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Fonte : Notícias ao Minuto – Politica  

10 Maio 2023

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