País
Escândalo na música. 85 denúncias, entre as quais violações de menores
A arguição de violação da artista Liliana Cunha contra o pianista João Pedro Coelho espoletou um conjunto de denúncias contra levante e outros músicos, que está a tomar proporções nunca antes vistas.
Nos últimos dias foram muitas as jovens e mulheres que denunciaram casos de assédio (e não só).
Outras vozes, entre as quais pessoas muito conhecidas do quadro português, como o músico e realizador de cinema Filipe Melo, admitiram ter ignorado os ‘zunzuns’ que, ao longo dos últimos anos, se ouviam nos corredores do jazz, onde “o abuso e o assédio são o pão nosso de cada dia” e feito parte do “conluio silencioso” que tantas vítimas fez.
Jovem acusa pianista português de violação. Dezenas queixam-se de assédio
Liliana já apresentou queixa na PSP contra João Pedro Coelho. Dezenas de outras jovens prometem proceder com denúncia coletiva. Músico é vetusto professor do Hot Clube Portugal, instituição onde, há dois anos, dois professores foram afastados por suspeitas de assédio.
Natacha Nunes Costa | 12:17 – 07/11/2024
Depois receberem dezenas de mensagens a relatar experiências semelhantes às que viveram, Liliana, das quais nome artístico é Tágide, e Maia Balduz criaram um e-mail (testemunhasdamusica@proton.me) para onde as vítimas podem remeter as suas denúncias, assim uma vez que dúvidas.
Em menos de uma semana, revela Liliana ao Notícias ao Minuto, as artistas já conseguiram filtrar murado de 85 denúncias. A maior segmento relativas a João Pedro Coelho, que já evocou, nas redes sociais, “total inocência”. Mas há mais nomes a serem acusados deste tipo de crimes e mais géneros musicais atingidos pelo escândalo. As queixas não vêm só do mundo do jazz.
“Os casos estão relacionados com vários tipos de géneros musicais. Inclui jazz, eletrónica, DJ, inclui fado, clássico”, explica a DJ.
Quanto à natureza dos crimes, Liliana acusa a receção de denúncias de “violação de menores, violação com droga, assédio, abuso de poder”. Há também de stalking (perseguição) e de stealthing (não utilização de preventivo sem consentimento do parceiro/a).
Para já, as responsáveis por levante ducto de denúncia estão a tentar “destrinçar o que é que constituí o quê, segundo as considerações da Procuradoria-Geral da República”.
Entre os acusados estão, segundo Liliana, “vários nomes”, alguns que se “repetem” e que estão também a rodear nas redes sociais, uma vez que é o caso de um dos professores afastados, no ano letivo de 2021/2022, do Hot Clube Portugal, uma das escolas de música mais conceituadas do país.
Há também nomes que aparecem de forma “isolada” e “denúncias que já estão em processo há alguns anos”. Algumas das abordagens foram feitas na sequência de contactos feitos em instituições de ensino, outras através das redes sociais, uma vez que foi o caso da DJ proveniente do Porto.
Para já, exclusivamente homens estão a ser acusados e têm, na sua maioria, entre 30 e 60/65 anos. Algumas das vítimas estão a recorrer ao anonimato, mas têm o recusado.
“Por questões de transparência”, as responsáveis pelo ducto de denúncia vão fazer “um update semanal e a ter apoio jurídico para entender cada caso”.
O e-mail estará sempre ingénuo para receber denúncias. “Semanalmente estamos a reunir com alguém do apoio jurídico e a tentar entender como podemos ajudar mais”, assegurou ainda Liliana ao Notícias ao Minuto.
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