Desporto
Vingegaard imparável no Gran Camiño e Guerreiro é o principal prejudicado
Quando cruzou a meta, 21 segundos após o campeão do Tour2022, o português da Movistar estava resignado perante tamanha superioridade de Vingegaard, que atacou nos derradeiros dois quilómetros para chegar isolado ao alto do castelo de Rubiá, com o tempo de 03:19.58 horas, no final de uma etapa ‘amputada’ pela neve, mas, sobretudo, pela vontade dos corredores.
“Diria que sim, que foi mais difícil [a vitória de hoje]. Foi uma etapa fria, tivemos de trabalhar um pouco mais para ela enquanto equipa. Foi uma subida dura. O tempo estava muito diferente, o que também desempenha o seu papel. As sensações não eram as mesmas de ontem [sexta-feira], mas ainda assim queria tentar. E tentei. Felizmente, fui capaz de ganhar”, explanou o dinamarquês, assumindo ainda que no domingo vai tentar fechar o seu anunciado triunfo na prova galega com a terceira vitória em etapas.
A principal ‘vítima’ do registo imaculado de Vingegaard no seu arranque de temporada — a primeira etapa do Gran Camiño não teve vencedor, após ser neutralizada por causa da neve — é mesmo Ruben Guerreiro, que manteve o segundo lugar da geral, mas está agora a 53 segundos.
O português foi segundo pelo segundo dia consecutivo, à frente de Attila Valter (Jumbo-Visma), que chegou a 35 segundos do seu companheiro de equipa e subiu ao quarto lugar da geral, a 01.29. O espanhol Jesus Herrada (Cofidis) é terceiro, a 01.25.
Numa Esgos coberta de neve, o dia começou com limpeza da estrada, com sal atirado para o asfalto e nova incerteza quanto à possibilidade de os 163 quilómetros da terceira etapa serem completados na totalidade.
Poucos minutos antes da hora marcada para o início da tirada, Delio Fernández (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), o representante dos corredores, anunciava a novidade: não se subiria a Santa Mariña, a primeira categoria que o pelotão teria de escalar duas vezes (ao quilómetro 110,5 e 136,5) e que faria a seleção antes da dificuldade final.
O poder que ganharam quando decidiram neutralizar a primeira etapa, devido à queda intensa de neve, foi hoje novamente usado pelos ciclistas para convencer o colégio de comissários a encurtar o percurso em cerca de 40 quilómetros, embora não tenha havido consenso entre as equipas, zelosas dos seus interesses – com a subida a Rubiá como única dificuldade, o beneficiado seria Vingegaard.
Com medo essencialmente do frio que passariam na descida de Santa Mariña, numas estradas geladas, com neve a perder de vista, os corredores viram a etapa reduzida a meros 123,4 quilómetros, já que também a escalada ao castelo de Rubiá foi encurtada em três quilómetros.
Assim, a etapa ‘rainha’ da prova galega acabou ‘amputada’, com o espetáculo e a própria discussão da corrida a ficarem comprometidos. Nem a fuga de 11 homens, nos quais se incluíam Rohan Dennis (Jumbo-Visma), o português Tiago Antunes (Efapel) ou o austríaco Sebastian Schönberger (Human Powered Health), à procura de assegurar a camisola dos pontos, animou a jornada, já que nunca chegou a ter mais de dois minutos.
Perseguidos pela Caja Rural, Schönberger, Xabier Isasa (Euskaltel-Euskadi) e Simone Velasco (Astana), os últimos resistentes, foram apanhados a 15 quilómetros da meta.
A corrida seguiu tranquila até que o espetáculo Jumbo-Visma começou: Atilla Valter, com o seu líder na roda, dinamitou o grupo a três quilómetros, deixando-o apenas com outras duas unidades, Guerreiro e Ion Izagirre (Cofidis).
Seguir-se-ia o demolidor ataque do camisola amarela, ao qual o português da Movistar tentou responder, sem sucesso, resignando-se a esperar pelo espanhol, que cairia na descida que antecedeu os derradeiros 1.000. Isolado na perseguição, confirmou aquilo que o Monte Trega já tinha declarado: o dorsal ‘1’ é, com distância, o segundo mais forte deste Gran Camiño.
No entanto, o recém-coroado campeão da Volta à Arábia Saudita e ‘rei’ da montanha do Giro2020 precisa de confirmar esse estatuto no contrarrelógio da última etapa, que, no domingo, percorrerá 18,1 quilómetros nas ruas de Santiago de Compostela, sendo que o exercício individual contra o cronómetro tem sido o principal ‘adversário’ do português nos últimos anos.
Joaquim Silva (Efapel) voltou a ser o melhor homem das equipas portuguesas, na 15.ª posição, a 01.10 minutos de Vingegaard, e vai partir para a quarta e última etapa da prova galega com hipóteses de fechar a sua prestação no ‘top 15’, uma vez que é 13.º na geral, a 02.12.
Fonte : Notícias ao Minuto – Desporto
25 Fevereiro 2023