Politica

"Se Estado patrocina futebol", pode financiar a "mais merecedora" JMJ

"Se Estado patrocina futebol", pode financiar a "mais merecedora" JMJ

Perante um considerável coro de críticas à organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), especialmente devido à elevada percentagem do evento que será paga pelo Governo, o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto disse que o financiamento é justo e desvalorizou as críticas com um “antigo sentimento anticlerical”.

Num espaço de comentário na CNN Portugal, Sousa Pinto considerou que a JMJ deve ser valorizada, pois “constitui um acontecimento muito importante da vida nacional, desde logo para os católicos portugueses, para milhões de portugueses”, que são “uma maioria significativa do nosso povo”.

E, acrescentou, o investimento feito no evento é ainda mais razoável, tendo em conta o dinheiro gasto em outras ocasiões.

“Eu não faço parte da Igreja, mas não tenho nenhuma objeção a que recursos públicos sejam usados ajudar a financiar um evento com estas características. Se o Estado patrocina eventos desportivos, campeonatos mundiais de futebol – também não sou um grande seguidor do futebol -, mas também tenho respeito pelos meus concidadãos, que são quase todos, temos de perceber que há eventos que são importantes para o país e que têm um significado para as pessoas, argumentou o deputado socialista.

Para Sérgio Sousa Pinto, este “é um acontecimento religioso, cultural, espiritual, portanto mais merecedor de reconhecimento por parte do Estado“.

A JMJ está a decorrer oficialmente a partir de terça-feira, e durará até domingo, com o Papa Francisco a chegar esta quarta-feira a Lisboa. Apesar de ser catalogado como um dos maiores eventos organizados em Portugal, muitos têm apontado o dedo à despesa pública com um evento religioso. Até agora, a conta da JMJ prevista para o Estado já chegou aos 38 milhões de euros, sendo que a esmagadora maioria dos trabalhos ocorreu no último mês, e o número de ajustes diretos com entidades privadas disparou a pique.

Ainda assim, o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa têm desvalorizado questões sobre o retorno económico do evento no bolso dos contribuintes, e o primeiro-ministro disse mesmo que “um evento desta natureza tem um valor imaterial imenso”.

Sérgio Sousa Pinto defendeu que a oposição à organização de um evento da Igreja Católica não é novo, falando de “um sentimento anticlerical profundamente enraizado numa parte da cultura portuguesa, e é um sentimento anticlerical que não se restringe às pessoas que não fazem parte dos crentes, dos católicos”.

“Mesmo entre os católicos, há um sentimento antigo português fortemente anticlerical. E eu acho que esse sentimento encontrou aqui uma oportunidade para vir ao de cima, finalmente as resistências foram largamente expressão desse traço que faz parte da nossa cultura nacional”, apontou.

Leia Também: Costa desvaloriza custos da JMJ e aponta retorno económico imediato

Fonte : Notícias ao Minuto – Politica  

2 Agosto 2023

Comments are closed.