Última Hora

Partidos pró-europeus lamentam atrasos na adesão da Sérvia à UE
O processo de adesão da Sérvia prolonga-se há 20 anos, quando, em 2003, o bloco comunitário declarou que o futuro dos países dos Balcãs Ocidentais é na União Europeia. Belgrado apresentou o pedido de adesão à UE em dezembro de 2009, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em março de 2012. As negociações começaram em janeiro de 2014.
Demasiado tempo, para o Partido da Liberdade e Justiça, líder da oposição.
“Como o país mais forte dos Balcãs, temos de trazer toda a região para a UE, de preferência até 2030. Devemos estar preparados para isso e deve ser uma abordagem baseada no mérito, o que significa que temos de fazer o nosso trabalho de casa, no que diz respeito ao Estado de Direito, erradicação da corrupção, eficiência e independência das nossas instituições, liberdade de imprensa”, disse à Lusa Borko Stefanovic, do partido pró-europeu e a terceira força política do parlamento.
Para o deputado, que lidera a comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, o Governo, liderado pelo Presidente Aleksandar Vucic, “desde há 11 anos, está a fazer todo o oposto”.
O facto de as autoridades sérvias recusarem impor sanções à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia, “é um enorme obstáculo” — como reconheceu o Presidente num encontro em Belgrado com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, na semana passada.
O Partido Liberdade e Justiça admite que imporia sanções se chegasse ao poder. Esta força argumentou, “não gosta de sanções, porque o país foi vítima delas”, mas a Sérvia “tem de alinhar a política externa com a da UE”.
“Somos um país candidato, a UE é o nosso futuro. Não queremos ficar novamente isolados, caso contrário seremos uma presa fácil”, advertiu.
Pela Frente Verde-Esquerda — que integra, juntamente com o Liberdade e Justiça, uma grande coligação pró-europeia às eleições antecipadas de 17 de dezembro -, Robert Kozma afirma que as autoridades sérvias passam a “narrativa de que são favoráveis à entrada na UE, mas fazem tudo para que a Sérvia fique presa nas negociações”.
“Não querem implementar qualquer reforma, porque fazê-lo significaria que o regime teria de tornar-se democrático, com imprensa livre, e iriam perder o Governo no espaço de um ano. Lutar contra a corrupção seria lutar contra eles próprios”, sustentou.
Kozma aponta o dedo aos 27, por considerar que a “UE permitiu a Aleksandar Vucic deteriorar a democracia”.
O deputado ecologista não acredita na meta de 2030 para o alargamento — como admitiu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel -, mas sustenta que a adesão da Sérvia ao bloco europeu “é inevitável”.
Para a “eurofanática” Elvira Kovacs, da Aliança dos Húngaros de Vodjovina, partido minoritário da coligação no poder, é importante “a Europa está a lidar com vários problemas e precisa de reformas”.
Sobre a adesão, a deputada, que preside à comissão parlamentar para a Integração Europeia, diz que seria importante “ter a data” em que tal poderá acontecer, e lamenta o que diz ser uma atitude nem sempre justa dos 27 em relação a Belgrado.
“A Sérvia merece mais, deve ser avaliado o que tem sido feito recentemente. O nosso ponto de vista é que, por exemplo, a Bulgária ou Roménia estavam numa condição muito pior do que aquela em que a Sérvia está atualmente e elas já entraram e nós ainda não vemos a luz no fim do túnel”, comentou.
“Por um lado, queremos entrar na UE, e isso é óbvio, mas por outro lado a Sérvia é vista como ‘mal comportada’ [na relação com o Kosovo] e isso é um problema. Precisamos de mais compreensão para as especificidades e explicar às pessoas porque é que todo o processo é tão longo e complicado e por vezes dececionante, de forma a tornar a UE mais popular”, defendeu, acrescentando: “Estamos só a ouvir frases vazias. ‘Queremos-vos, mas’. As pessoas estão desiludidas”.
Mais à direita, o partido Dveri está a tentar aderir à UE “sem sucesso” há mais de 20 anos e, entretanto “perdeu o seu estatuto com o Montenegro, teve a secessão ilegal do Kosovo e Metohija, milhões de pessoas jovens deixaram o país, a soberania económica foi dada a empresas estrangeiras, na sua maioria ocidentais, e a agenda transumana LGBT foi introduzida”, disse à Lusa o responsável para as Relações Internacionais do partido nacionalista, Andrej Mitic.
“Está na altura de redefinirmos as nossas relações com a UE. (…) Os sérvios também estão fartos da UE. Deveríamos ser bons vizinhos. O espaço económico europeu é um enquadramento adequado”, considerou, vincando que “a adesão à UE, sem o Kosovo e Metohija como parte da Sérvia, está fora de questão”.
Leia Também: ONG sérvia pede observadores internacionais nas eleições antecipadas
Fonte : Notícias ao Minuto – Última Hora
6 Novembro 2023