Economia

“Números enganadores”. Centeno diz que Portugal retém licenciados

“Números enganadores”. Centeno diz que Portugal retém licenciados

Mário Centeno fez hoje a mediação inicial na conferência do Banco de Portugal dedicada à instrução e qualificações, em Lisboa, considerando que por vezes “o país vive focado numa realidade que é descrita com números enganadores” e que cabe a uma entidade com a responsabilidade do Banco de Portugal “alertar para isso”, pois não é provável fazer “boas políticas económicas sem bons dados e boa análise económica”.

 

Segundo o governador do BdP, nos últimos oito anos a população ativa com formação superior aumentou em média 70 milénio indivíduos por ano e das universidades portuguesas (públicas e privadas) saem por ano pouco mais de 50 milénio pelo que, concluiu, “Portugal tem conseguido ser um recetor líquido de diplomados” com o ensino superior.

Centeno disse ainda que os dados do Eurostat “mostram que a percentagem de jovens portugueses que emigram é inferior – menos de metade – da que se observa em países como Alemanha, Dinamarca ou Países Baixos”.

Em várias ocasiões públicas Centeno tem falado da capacidade de Portugal reter talento jovem, considerando que há equívocos nos dados sobre êxodo jovem.

Há precisamente um ano, em novembro de 2023, o ex-ministro das Finanças de governos PS (de António Costa) alertava para números estatísticos errados sobre licenciados na população ativa, um erro que — disse logo — estava a deixar “quase todos no divã do psicanalista”.

“Onde estão os nossos licenciados? Estão cá. Desde 2013 o número de licenciados na população portuguesa aumentou de 1,3 milhões para 2,0 milhões. O INE dizia-nos (…) que no segundo trimestre deste ano havia menos 180 licenciados em Portugal, o que não era verdade. Segundo a versão corrigida do INE, o número de licenciados terá aumentado 71 mil em termos homólogos”, afirmou logo Centeno, que é economista técnico em mercado de trabalho, na CNN Portugal Summit.

Hoje, na conferência, Centeno apelidou o progresso que Portugal tem feito na instrução de “revolução silenciosa”, depois de um “regime que reduziu [o país] à ignorância”. Porém, alertou, esta “nunca é uma revolução conquistada, definitiva ou terminada mesmo” e estimou que falta pelo menos mais 20 anos para Portugal restabelecer do delonga reunido.

Para Centeno, entre as apostas atuais deve estar o ensino pré-escolar e a recuperação dos estudantes impactados pela crise pandémica (em que o ensino se fez à intervalo), considerando que se não se conseguir emendar o delonga dos jovens cuja instrução sofreu devido à crise da covid-19 tal terá impacto na sua vida ativa com menos capacidade de competir no mercado de trabalho com outras gerações.

“A educação é, sem dúvida, o maior investimento que podemos fazer para construir Portugal como sociedade mais forte, mais unidade e mais bem preparada para desafios do futuro”, disse Centeno.

O governador do Banco de Portugal afirmou ainda que para prometer o horizonte das novas gerações e da democracia é preciso prometer a firmeza do país, “desde logo a financeira, mas também a económica e a institucional”.

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12 Novembro 2024

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