Política
"Não é normal" que Marcelo "equacione dissolução" do Parlamento
O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considerou, na sexta-feira, que “não é normal” que, ao fim de um ano de maioria absoluta, se fale em dissolução do Parlamento, defendendo que é necessário que a “estabilidade perdida apareça”, sobretudo, numa altura em que a comissão parlamentar de inquérito à TAP está a “perturbar” a vida económica e social do país.
Em declarações à CNN Portugal, Adalberto Campos Fernandes, que fez parte de um governo socialista, começou por confessar que se sente “preocupado” com a atual situação governativa.
“Em boa verdade, faço parte daquele grande grupo de portugueses que está relativamente preocupado e que vive uma inquietação em busca da estabilidade perdida. A comissão parlamentar de inquérito transformou-se num verdadeiro epicentro do debate político, como se fosse o alfa e o ómega da realidade nacional, e está a perturbar objetivamente o normal andamento da vida económica, da vida social“, começou por dizer.
Desta forma, lembrando a promessa de estabilidade do Executivo de António Costa, o antigo ministro atirou: “Portanto, o que nós gostaríamos mais, socialistas e não socialistas, todos os portugueses desejariam, era que passado um ano sobre uma maioria absoluta que pronunciava estabilidade, essa estabilidade finalmente aparecesse“.
Para Adalberto Campos Fernandes, não é “historicamente lembrável” uma situação como a atual em que, passado um ano das Eleições Legislativas, o Presidente da República equacione uma dissolução.
“Não é de todo frequente ou, pelo menos, historicamente lembrável, que o Presidente da República – como nós ainda vimos hoje – equacione uma dissolução como uma possibilidade que pode acontecer”, notou. “Não é normal, ao fim de um ano de maioria absoluta – que foi uma maioria expressiva“, sublinhou.
Assim, o ex-governante reiterou: “Portanto, eu desejo, e penso que como muitos portugueses desejam, que essa estabilidade perdida apareça, que esta inquietação seja eliminada e, finalmente, que estas questões relativas aos documentos, aos pareceres, a tudo isto, no fundo, sejam explicadas“.
Adalberto Campos Fernandes entende que está em causa uma “falha de comunicação ou de articulação”, que deve ser assumida.
“Seguramente, há aqui alguma falha de comunicação ou de articulação, que manifestamente não há nenhum problema em assumi-la, acontece muitas vezes. Não é bom que aconteça, mas é preferível que se esclareça do que ela subsista como se fosse algo perfeitamente normal que, de todo, não me parece que seja o caso”, rematou.
Recorde-se que a comissão parlamentar de inquérito à TAP tem vindo a adensar as polémicas em torno do Governo, a mais recente em torno de um parecer jurídico que fundamenta as exonerações dos presidentes executivo e do Conselho de Administração da TAP.
Ontem, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a dissolução da Assembleia da República “seria uma má notícia”, no entanto, sublinhou, que “às vezes tem de haver más notícias”. Nesse sentido, apelou aos responsáveis políticos “de todos os lados” para fazerem “tudo o que puderem” no sentido de garantir estabilidade no país.
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Fonte : Notícias ao Minuto – Politica
22 Abril 2023