Politica

Marcelo "veio, estranhamente, reconhecer que não tem sido muito atento"

O antigo ministro das Finanças Teixeira dos Santos considerou, esta quinta-feira, que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, veio “estranhamente reconhecer”, na sua comunicação ao país, que “não tem sido muito atento”.

Em declarações na CNN Portugal, Teixeira dos Santos, que fez parte dos governos socialistas de José Sócrates, considerou que o discurso de Marcelo foi, em primeiro lugar, o “manifestar uma critica muito severa” ao Governo e “à sua forma de governação” e, depois, o “assegurar aos portugueses que se manterá o quadro de estabilidade politica”.

No entanto, na ótica do antigo governante, a comunicação de Marcelo revelou outra coisa: “O Presidente da República veio, estranhamente, reconhecer, que não tem sido muito atento e que vai agora passar a ser mais atento“, disse.

Teixeira dos Santos acredita que o sucedido não vá pôr “em causa” o quadro de governação, uma vez que o Executivo tem “condições para governar”, com a “estabilidade que lhe é dada por uma maioria absoluta” e que terá de ser “garantida”.

O ex-ministro considera que o Governo “vai ter de ser mais exigente consigo próprio” e que o primeiro-ministro, António Costa, “vai ter de mostrar trabalho”.

“Vai ter de mostrar resultados, vai ter que merecer a confiança dos portugueses para se manter à frente do Governo num quadro de estabilidade”, defendeu.

Voltando a Marcelo Rebelo de Sousa, Teixeira dos Santos também defendeu que o chefe de Estado “vai ter de exercer a sua influência de uma forma diferente daquilo que foi até agora”, considerando que este “vulgarizou muito o comentário presidencial”. “Acho que ele falou sobre tudo e muitas vezes e acho que, de alguma forma, perdeu alguma credibilidade”, notou.

Segundo Teixeira dos Santos, Marcelo terá agora de exercer o seu poder “com maior autoridade, com maior assertividade”. “Acho que isto pode ser um fator positivo no sentido de exigir do Governo um maior sentido de responsabilidade na resolução dos problemas”, rematou.

Recorde-se que o Presidente da República prometeu hoje que estará “ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia” para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e “evitar o recurso a poderes de exercício excecional”.

Numa comunicação ao país a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que não deseja usar os poderes que a Constituição lhe confere para interromper a governação, mas frisou que não abdica deles.

O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma “divergência de fundo” e considerou que essa decisão de António Costa tem efeitos “na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado”.

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Fonte : Notícias ao Minuto – Politica  

4 Maio 2023

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