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Israel. Postura não inervencionista mina interesses da China na região

Israel. Postura não inervencionista mina interesses da China na região

“A China tem de compreender que, neste período crucial, uma diplomacia apenas de palavras é a última coisa que os povos [da região] querem”, apontou o grupo de reflexão (‘think tank’), num relatório.

O Chatham House estabeleceu um paralelo com a posição da China sobre a guerra na Ucrânia, à medida que Pequim se tenta posicionar como a potência neutra que deseja a paz, e retratar os Estados Unidos como “influência violenta e desestabilizadora” na região.

“Mas os comentários da China sobre a guerra e a sua posição não intervencionista significam que é incapaz de influenciar os acontecimentos”, observou o ‘think tank’ com sede em Londres, salientando que “é uma posição desconfortável quando os seus interesses estão diretamente ameaçados pela guerra”.

Segundo dados das alfândegas chinesas, o volume do comércio entre China e Médio Oriente quase duplicou nos últimos cinco anos para 507,2 mil milhões de dólares.

A China é também o maior comprador de petróleo da Arábia Saudita e do Irão, dois rivais regionais, evidenciando os riscos para a sua segurança energética suscitados por um potencial conflito em larga escala na região.

“Estes interesses significativos são vulneráveis a guerras e instabilidade regional – mas os líderes chineses só podem assistir ao desenrolar dos acontecimentos à distância”, apontou o Chathamhouse. “A China deve agora compreender que o desanuviamento transacional entre rivais regionais como a Arábia Saudita e o Irão não constitui necessariamente uma paz”, acrescentou.

Como parte dos esforços para exercer maior influência no Médio Oriente, Pequim mediou este ano o restabelecimento das relações entre Irão e Arábia Saudita.

Nos dias após o ataque do Hamas, a China lançou uma ofensiva diplomática e apresentou-se como “amiga de ambos Israel e Palestina”.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, apelou à realização de uma “conferência internacional para a paz”, visando encontrar uma solução para o conflito, e Pequim enviou um diplomata de alto nível para o Médio Oriente, Zhai Jun, que prometeu “conduzir uma conciliação e mediação imparciais”.

Mas a China absteve-se em declarações oficiais de descrever como terroristas os ataques do Hamas. O país asiático afirmou ainda que os ataques de retaliação israelitas em Gaza ultrapassam o que é considerado aceitável ao abrigo do direito humanitário internacional.

Em contraste, os EUA enviaram dois porta-aviões para o leste do Mediterrâneo para “dissuadir ações hostis contra Israel ou qualquer esforço direcionado a ampliar a guerra após os ataques do Hamas”.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, negociou ainda com o Governo israelita a autorização da entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza a partir do Egito e pediu a Telavive que respeite as “leis da guerra” no ataque a Gaza, enquanto defendeu o “direito à dignidade e à autodeterminação” dos palestinianos e a solução dos dois Estados.

“Os EUA demonstraram o seu apoio contínuo em Israel e a sua capacidade de influenciar a política israelita”, observou o Chathamhouse. “A China limitou-se a expressar objeções e a apelar à paz”, realçou.

“Possuir as capacidades de uma grande potência é uma coisa”, notou, ressalvando que “agir como grande potência é outra”.

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Fonte :  Notícias ao Minuto – Última Hora 

 

1 Novembro 2023

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