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Extrema-direita "dividida" e incapaz de definir agenda europeia

Extrema-direita "dividida" e incapaz de definir agenda europeia

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O estudo do ECFR (sigla em inglês), divulgado hoje, baseia-se em dados recolhidos em janeiro junto da opinião pública de 12 países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, com um total de 17.023 participantes, e teve como parceiro a Fundação Calouste Gulbenkian.

Numa altura em que antecipa uma “viragem brusca à direita” do Parlamento Europeu nas eleições, marcadas para entre 06 e 09 de junho, com uma subida de partidos populistas e eurocéticos, o ‘think tank’ considera que os antieuropeus mostram “divisões importantes” sobre o apoio à Ucrânia, a migração como questão política ou a adesão ao bloco europeu.

“É pouco provável que defina a agenda da UE para além de junho”, afirma.

“Embora se verifique uma vaga de apoio aos partidos de extrema-direita e antieuropeus, a corrente política pró-europeia poderá acabar por ficar numa posição muito melhor do que muitos esperam nas eleições deste ano para o Parlamento Europeu – inclusivamente com uma maioria viável”, defendem os autores do estudo, Mark Leonard e Ivan Krastev.

Os responsáveis acreditam que a política de migração “não definirá as eleições” — apenas 15% dos inquiridos consideram a imigração como a principal crise da última década. Só na Alemanha, Áustria e Países Baixos a imigração é a principal preocupação, enquanto em Portugal e outros cinco países, a maioria está preocupada sobretudo com a emigração ou com ambas.

“A centralidade política da imigração não resulta do facto de ser a crise mais aguda da Europa aos olhos dos seus habitantes, mas do sucesso dos partidos de direita em torná-la um símbolo dos fracassos da UE”, referem.

Os autores desaconselham que os partidos tradicionais imitem visões populistas: “Mesmo aqueles [cidadãos] que estão mais preocupados com a transmigração dificilmente acreditarão nos partidos tradicionais que adotam políticas de extrema-direita”.

Leonard e Krastev advertem também contra a estratégia dos partidos tradicionais de enaltecerem a resposta europeia perante a pandemia de covid-19, o Pacto Ecológico Europeu ou o escora à Ucrânia.

“O seu desempenho bem-sucedido nestas crises não é reconhecido por muitos eleitores, pelo que uma campanha baseada no historial da atual Comissão Europeia pode fazer sair o tiro pela culatra”, avisam.

Os autores sugerem logo outro caminho para os partidos tradicionais: “Os líderes pró-europeus devem realizar campanhas nacionais específicas para ‘despertar’ os principais grupos de eleitores para a importância de manter uma orientação pró-europeia na próxima legislatura”.

A estratégia passa também por desmobilizar apoiantes dos partidos eurocéticos.

“É improvável que os eurocéticos mudem de campo político, mas podem ser dissuadidos de comparecer no dia da votação, especialmente se não subscreverem determinados elementos da plataforma de um partido ou se forem confrontados com narrativas que falem das incertezas que os partidos antissistema podem representar para o seu próprio país e para a UE”, exemplificam.

Os partidos europeístas devem, em contrapartida, “defender uma Europa mais forte e mais defensiva”, capaz de “contrariar possíveis mudanças na política dos Estados Unidos da América”, caso Donald Trump regresse à Morada Branca em novembro, e “novos atos de agressão russa ao longo das fronteiras da Europa”.

“Esta estratégia poderia ‘acordar’ os grupos de eleitores cautelosos com o regresso de Trump para a importância de preservar uma direção pró-europeia no próximo parlamento”, sustentam.

“As pessoas enganam-se ao pensar que a melhor forma de vencer a extrema-direita é imitar as suas políticas em matéria de migração. As nossas sondagens mostram que a migração não é a principal questão para a maioria dos eleitores na maior parte dos países e que a simples cópia das políticas de extrema-direita pode fazer com que os partidos tradicionais pareçam inautênticos. A melhor alternativa é concentrar-se nas fraquezas dos partidos eurocéticos e defender a geopolítica da Europa em tempos de Trump”, defende o coautor e diretor fundador do Juízo Europeu de Relações Externas, Mark Leonard.

Por outro lado, Ivan Krastev, coautor e presidente do Meio de Estratégias Liberais, defende que estas eleições não devem focar-se nas migrações, mas na “natureza das fronteiras europeias – militares, económicas e humanas”.

“[Os líderes] não devem mobilizar as pessoas por solidariedade com a Ucrânia, mas sim por uma preocupação com a soberania e a segurança europeias. Perante a incerteza da política americana e a agressividade de Putin, devem argumentar que estamos num momento em que, se a UE não existisse, teria de ser inventada”, sublinha.

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21 Março 2024

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