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Espetáculo de dança ‘e vi o firmamento’ aborda a vida numa reflexão da morte
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Esta coprodução entre o Cineteatro Louletano e o Teatro das Figuras, em Faro, para o qual está agendada uma segunda exibição, em 22 de novembro, é “um espetáculo feito de muitas coisas, de muitas experiências pessoais”, e faz “uma reflexão, que não é linear sobre a superação nem sobre a transcendência, mas na verdade é uma reflexão sobre a morte”, explicou José Laginha em declarações à agência Lusa.
“Somos dois intérpretes, dois performers, bailarinos, e vamos ter também um músico em cena, que vai tocar ao vivo […] dois temas de David Bowie, além de outro material de música para toda a peça, de [sua] constituição”, afirmou, por seu vez, Marlene Vilhena, referindo-se à participação músico de José Salso, em palco, numa peça que também tem música de Pedro Pinto.
José Laginha frisou que a obra “não é propriamente uma peça linear, não conta uma história”, mas tem na génese uma “história verídica”, vivida há alguns anos pelo astrofísico palestiniano Suleiman Baraka, e “tem a pretensão de pensar o hoje, mas também aquilo que temos a seguir”.
“E neste ponto, a história do Suleiman Baraka parece-me absolutamente certeira. Suleiman Baraka era um homem que trabalhou para a NASA, foi o único palestiniano até hoje que trabalhou para a NASA […]. E ele recebe uma notícia da família a dizer que tinha caído uma bomba em cima da casa dele”, na terreno de origem, contou José Laginha.
Ao receber a notícia de que o fruto tinha morrido, com outros familiares, num ataque israelita, em 2008, Baraka “decide mudar a sua vida, decide voltar à Palestina e criar um projeto para pôr as crianças a olhar o céu, ou seja, olhar para lá das bombas, olhar para as estrelas”, acrescentou, salientando que “este foi um pouco o ponto de partida” da obra.
Com texto dramatúrgico de Miguel Castro Caldas, a peça inclui música de David Bowie que já tinha aparecido nas pesquisas dos bailarinos e do próprio dramaturgo e que, de alguma forma, “se tinha preparado para a sua morte”, produzindo trabalhos uma vez que ‘Lazarus’ ou ‘Black Starr’, assinalou.
“Também tem a ver com a nossa morte, as diferentes mortes, as diferentes quedas, as diferentes superações e a comunicação ou a conciliação com aquilo que é o outro lado, seja mais neste contexto atual e realista, do outro lado do muro, do outro lado da luta, mas também em relação à transcendência, à morte e ao que vem depois”, disse Marlene Vilhena.
A bailarina sublinhou que a obra anda “à volta desses temas” e “não é linear, mas reflete sobre a existência, sobre o conflito, sobre a pacificação, a resistência, a resiliência”.
A epístola escrita pelo médico Mark Taubert ao cantor britânico em seguida a sua morte, e que foi lida num festival, também estará presente na segmento final do espetáculo, com uma leitura acompanhada por imagens do filme ‘Supernatural’, “e neste contexto aborda-se claramente a questão da preparação da morte”, referiu.
José Laginha sublinhou, mas, que é “importante” os espetadores não se focarem somente na morte e centrar-se “nesta ideia de olhar para lá das bombas, para as estrelas”.
“Quando se fala de morte, não é propriamente um assunto muito feliz e, portanto, se deixarmos que a peça seja introduzida como uma peça que fala sobre a morte só, é pouco, é redutor e não é aquilo que irá acontecer”, argumentou.
‘e vi o firmamento’ tem geração e tradução de José Laginha e Marlene Vilhena, com texto dramatúrgico de Miguel Castro Caldas, direção técnica de António Martins e produção executiva de Ana Margarida Rodrigues.
A estreia está marcada para as 21h00 de 05 de outubro, no Cineteatro Louletano.
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20 Setembro 2024