Política

Do "arremesso político" ao "grande quadro do PS". A entrevista de Costa

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, falou, este domingo, dia em que decorreram as comemorações do 50.º aniversário do partido, sobre uma possível dissolução da Assembleia da República, a comissão parlamentar da TAP, o futuro da carreira política de Pedro Nuno Santos e a posição do PSD em relação ao Chega.

Dissolução da AR? “Portugueses não estão nem aí”

Em entrevista à estação pública, António Costa começou por referir as ‘ameaças’ de dissolução do Parlamento devido às constantes polémicas do Governo, que considerou serem alimentadas “pela bolha mediática e certo mundo político”

“Eu percebo que há aqui uma direita que não consegue suportar a ideia de que este mandato parlamentar se cumpra e que não são capazes de respeitar a vontade dos portugueses”, disse, reiterando que os eleitores “votaram pela estabilidade de quatro anos”. 

“Nós temos de nos habituar, primeiro, a respeitar a vontade dos cidadãos. E a vontade dos cidadãos foi muito clara”, defendeu.

Eu acho que os portugueses não estão nem aí [para uma dissolução]. Os portugueses manifestamente não querem dissolução nenhuma. Os portugueses não querem que os políticos criem problemas. O que os portugueses querem é que os políticos resolvam problemas”, reforçou.

Montenegro não disse “com o Chega nada, nada, nada”

Neste sentido, António Costa falou sobre a ligação entre o PSD e o Chega e considerou que o líder dos sociais-democratas, Luís Montenegro, não disse o que seria necessário para se demarcar claramente do partido de André Ventura: “com o Chega nada, nada, nada”

Interrogado se não ficou descansado quando Luís Montenegro numa entrevista recente excluiu governar ou aceitar o apoio de partidos “racistas, nem xenófobos, nem oportunistas, nem populistas”, o líder dos socialistas e primeiro-ministro realçou nessa frase “o que não diz”.

“Não disse o que era necessário dizer: não haverá nenhum acordo com o Chega”, realçou.

Para António Costa, o que o presidente do PSD deveria ter dito era “com o Chega nada, nada, nada”, mas “não disse, e era isso que deveria ter dito”.

As críticas ao líder do PSD continuaram no tema da comissão parlamentar de inquérito à TAP, com o primeiro-ministro a admitir ficar “perplexo” por Montenegro não adotar “um comportamento institucional e confiar nas instituições”.

“As comissões de inquérito não são uma arma de arremesso político. Se são, perdem a sua credibilidade”, acrescentou. 

TAP? “Comissão deve apurar toda a verdade doa a quem doer”

Ainda sobre a TAP, Costa afirmou que a comissão parlamentar de inquérito à TAP deverá “apurar toda a verdade doa a quem doer”, mas sublinhou que o Governo “deve respeitar o seu funcionamento”.

A comissão de inquérito deve exercer as suas funções, apurar a verdade doa a quem doer. Agora, o Governo deve respeitar o funcionamento da comissão parlamentar de inquérito. O Governo não pode estar a comentar – nem deve estar a comentar – o que é que diz cada pessoa que é ouvida, ou cada documento que é entregue”, explicou, acrescentando que interferir “seria uma total irresponsabilidade”.

“PNS é indiscutivelmente um dos grandes quadros políticos do PS”

Questionado sobre se o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que se demitiu na sequência das polémicas na TAP, e que ainda poderá vir a ser o seu sucessor, Costa afirmou que não irá “interferir” e os “militantes do PS são livres de escolher”.

“O que fiz, enquanto secretário-geral, e que é meu dever, é procurar identificar quem são os melhores quadros do PS, mobilizá-los para a ação política e dar oportunidade para que provem as suas capacidades”, referiu.

“O Pedro Nuno Santos é indiscutivelmente um dos grandes quadros políticos do Partido Socialista”, acrescentou, frisando que a “vida política tem momentos de sucesso e momentos de insucesso”.

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Fonte : Notícias ao Minuto – Politica  

23 Abril 2023

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