Política

"Continuidade" e "compromisso". Governo cumpre 100 dias no poder
[[ 11:47 – 08/07/2024
Neste contextura, aliás, Maltez mostrou-se esperançado que “o PS exigiu um teatro de cedências do Governo, e vai haver um teatro de cedências do Governo, que vai aceitar”, sendo que “ninguém quer eleições a curto prazo”.
Segundo considera, “não há perigo de parar a contagem” dos dias em que o atual Governo está no poder, precisamente “porque o PS não quer eleições”.
“Que há uma ameaça do Parlamento face ao Governo, há, e esta situação em que o Governo não pode continuar sem apoios parlamentares específicos, também é verdade. Este Governo não é de 100 medidas, é ‘sans mesures’ – sem medidas. Não vê o horizonte para aplicar as suas medidas, porque este teatro de governamentalização não dura sempre, tem de haver factos minimamente reformistas. Agora, esses, o PS não diz que não, mas têm um preço alto, e o Governo vai pagá-los”, vaticinou.
José Adelino Maltez enquadrou as suas declarações no contextura das eleições legislativas em França, onde a coligação de Esquerda Novidade Frente Popular venceu, ainda que sem maioria absoluta.
“O resultado das eleições em França garantiu o principal seguro de vida do Governo de bloco central em Portugal, que é a manutenção da Europa. Se a Europa explodisse através de um resultado em França complicado, isto é, tanto da Frente Nacional como da coligação de Esquerda radical, durava menos o Governo em Portugal, assim dura mais. Como há esse seguro de sobrevivência do europeísmo, tudo bem, nem interessa fazer análises finas“, argumentou.
Cumprem-se 100 dias de “intenções”
Já o politólogo André Freire considerou, em declarações ao Notícias ao Minuto, que o Governo está ainda num período de “estado de graça”, ou de “lua de mel”, até porque “não passa pela cabeça de ninguém começar a responsabilizar o Governo atual pelo decurso dos acontecimentos, porque muitos deles vêm de trás”.
“Mudanças que este Governo possa imprimir vão levar algum tempo a serem implementadas e a terem os seus efeitos. Desse ponto de vista, o Governo está ainda em estado de graça”, considerou, argumentando que “a situação que temos desde 10 de março não mudou muito” e prova disso foram as eleições europeias, “onde apesar de o PS ter ficado à frente, na verdade aquilo é um empate técnico”.