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Castanha com quebra de 80% na Terceira devido a pragas e doenças
“As pragas e doenças existentes, associadas à instabilidade climática, têm prejudicado fortemente as produções” e nascente ano “esperam-se quebras a rondar os 80%”, disse à filial Lusa o presidente da Frutercoop – Cooperativa de Hortofruticultores da Ilhéu Terceira.
Segundo Paulo Rocha, em 2020 e 2021 (últimos melhores anos de safra), a produção de castanha comercializada pela cooperativa rondava as sete toneladas, mas nascente valor tem vindo a encolher de portanto para cá “devido a problemas relacionados com pragas e doenças”.
“Também os fatores climáticos desfavoráveis na altura da floração, como sejam humidades elevadas, precipitações fortes [2023] ou secas prolongadas [2024] têm prejudicado os vingamentos e o bom desenvolvimento dos ouriços”, disse.
A principal variedade de castanha produzida na ilhota Terceira é a Viana, que está “bem adaptada à região”.
A Frutercoop, com sede em Calheta do Heroísmo, tem atualmente 10 produtores de castanha e a Terceira “sempre foi uma ilha com muita tradição de produção frutícola”, salientou o dirigente.
Em 2006, segundo o Serviço Regional de Estatística dos Açores, estavam registados 102 hectares de produção de castanha no arquipélago, “dos quais 70 hectares na ilha Terceira”, mas tem-se registado uma subtracção nos últimos anos, devido à “falta de jovens neste setor da produção frutícola” e também às pragas e doenças.
“A praga do bichado da castanha [‘Cydia splendana’] em anos favoráveis pode levar a prejuízos na ordem dos 38% e as doenças da tinta e do cancro também têm enfraquecido as plantas. Em 2021 detetámos a presença da praga vespa das galhas do castanheiro [‘Dryocosmus kuriphilus’] e a doença podridão da castanha [‘Gnomoniopsis smithogilvyi’], situações novas na ilha Terceira”, disse o representante.
Em relação à vespa das galhas, problema também existente na ilhota da Madeira, acrescentou, sabe-se “que [os produtores locais] estão a trabalhar com luta biológica e que os resultados parecem ser promissores”.
“Esperamos, pois, que o mesmo trabalho seja desenvolvido na ilha Terceira”, disse.
Já a podridão da castanha, doença que foi detetada em 2019 no território pátrio, começou a “afetar bastante” a comercialização do fruto na região açoriana em 2021.
“É um problema que só é visível depois da castanha aberta, o que nos levou a fazer triagem de qualidade à entrada da cooperativa”, contou.
Ainda de contrato com Paulo Rocha, a direção da Frutercoop está a trabalhar com os produtores “no sentido de melhorar a qualidade dos seus pomares em termos de nutrição e bom maneio das plantas, de modo a minimizar este problema”.
A cooperativa de hortofruticultores da Ilhéu Terceira tem também participado em projetos com a Secretaria Regional da Lavoura e com a Universidade dos Açores, para determinar a cultura do castanheiro relativamente à praga do bichado da castanha, e pretende que seja oferecido destaque ao problema da vespa da galha do castanheiro para viver “algum controlo neste problema”.
“Foi elaborado um Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Fruticultura para a Região Autónoma dos Açores onde estão identificados os problemas do setor e é necessário que seja implementado para permitir a continuidade da produção frutícola na região”, defendeu Paulo Rocha.
A ilhota Terceira tem “forte tradição” na produção de fruta e a castanha tem “elevada expressão”, principalmente na freguesia da Terreno-Chã (Calheta do Heroísmo).
Mas, indicou o responsável, a produção da ilhota “é só para consumo na região”.
A Frutercoop, fundada em 1992, integra organizações de produtores de banana, mel, flores e hortofrutícolas e tem um volume anual de negócios que ronda três milhões de euros.
A produção destina-se ao mercado regional (mel, hortofrutícolas e banana), pátrio (banana) e internacional (flores).
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10 Novembro 2024