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Homem em Catarse e Old Jerusalem editam álbum de estreia como Velho Homem
“São sons ora feitos por nós, ora feitos por outras pessoas. Temos o exemplo de um médico que nos cedeu uma gravação de uma sala de partos, e eu acho isso incrível. São histórias, são dia-a-dia, são momentos, mais do que propriamente uma coisa virada para a geografia ou uma atividade em concreto”, contou o músico Afonso Dorido à Lusa sobre as ‘gravações no terreno’ na origem dos dez temas que compõem “Espuma dos dias”.
Além do som captado pelo médico de Coimbra, há gravações feitas por um economista do Porto, um pescador de Esposende, mas também pelos músicos, numa lavandaria no Alentejo ou junto de um rebanho em Trás-os-Montes.
O som captado no terreno está na origem dos temas, “mas pode acontecer também o contrário”. “É quase como cozinhar. A massa da pizza se calhar às vezes é o som que temos, outra vez é o condimento da base que fizemos à guitarra e das nossas ideias”, referiu Afonso Dorido.
O projeto Velho Homem nasceu de um desafio da promotora portuense Amplificasom, que já tinha trabalhado com os dois músicos a título individual.
As músicas surgiram numa residência artística na Sala Estúdio Perpétuo, no Porto, e o primeiro ensaio “resultou logo muito bem”.
“Sentimos que nos divertíamos com o que estávamos a fazer e que conseguíamos criar coisas com relativa facilidade. Às vezes está-se em residência uma semana e não é fácil conseguir alguma coisa. Connosco, no primeiro ensaio surgiram logo uma série de ideias e tentámos jogar com os ‘field recordings’ [gravações no terreno, em português] que tínhamos, e a partir daí foi natural”, recordou Afonso Dorido.
Quando se juntaram decidiram logo que iriam fazer “algo diferente” daquilo que cada um faz a solo, e o resultado foi um álbum instrumental, com exceção de “Faina” e uma participação da cantora Ana Deus, “com um micropoema”.
“Se em Homem em Catarse há algumas músicas e há discos que até são mais instrumentais, é muito difícil encontrar um disco de Old Jerusalem instrumental. Assim como é difícil encontrar o Old Jerusalem à guitarra elétrica, que foi uma coisa que aconteceu aqui. Comigo era mais comum, com ele era uma coisa nova, então quisemos ser livres”, explicou Afonso Dorido.
Embora Velho Homem seja um projeto diferente, “é óbvio que há arranjos num tema de piano que tem muito que ver com o último disco de Homem em Catarse, há uma respiração límpida e folk, tanto de um como de outro, mas há sobretudo um novo ar para respirar, que é importante para qualquer artista que começa com um novo projeto”.
Além de Ana Deus, o álbum de estreia de Velho Homem conta também com a participação do baixista Miguel Ramos, “em quase todas as faixas do disco”. O baixo de Miguel Ramos “é uma cola, a nível musical”, entre as guitarras de Afonso Dorido e Francisco Silva.
As primeiras apresentações de “Espuma dos dias” ao vivo estão marcadas para 10 de novembro no Rivoli, no Porto, e 01 de dezembro na ZDB, em Lisboa.
A continuidade do projeto “vai depender muito de como corram os concertos e da recetividade”. “Estamos com pica de fazer muita coisa. Não fechamos as portas a nada, mas também não garantimos que vamos fazer, até porque temos outros projetos artísticos a acontecer”, referiu Afonso Dorido.
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Fonte : Notícias ao Minuto – Última Hora
3 Novembro 2023